segunda-feira, 26 de julho de 2010

Formula 1 e as Nacionalidades

Acompanhei nos sites dos principais jornais do País (Folha SP, Estadão e Globo) a repercussão da atitude de Felipe Massa ao dar passagem a Fernando Alonso no último GP da Alemanha. Há muito não via tantas mensagens de leitores das matérias relativas à F1. A indignação maior ficou por conta da atitude de Massa em contraposição à postura da Ferrari. Os fãs brasileiros da F1, em sua esmagadora maioria, o classificou como um traidor da Pátria. Isto explica-se, em parte, diria até mesmo em sua maior parte, pelo fato do torcedor entender que os pilotos disputam o Campeonato Mundial de Fórmula 1 representando seus países, o que não é verdade.

Diferentemente de outros esportes (futebol, vôlei, etc.), notadamente os esportes coletivos, a F1 nada tem a ver com representação nacional. Os pilotos que integram as escuderias não sofrem uma seleção por nacionalidade. A entidade representativa do esporte no país, no Brasil a CBA, não seleciona entre os nacionais aquele que defenderá nossas cores. A escolha se dá por competência e técnica no desempenho deste esporte e, também, pela capacidade de levar dinheiro para que o time se sustente. Some-se a isto que, quem seleciona, é a própria equipe. Desta equação, resulta ser contratado por uma empresa nominada como uma escuderia da categoria. No contrato, certamente, consta aquilo que se convencionou chamar no “Circo da Fórmula 1”, realmente é um circo e nós somos os palhaços, de “Clausula Barrichello”: “o piloto está obrigado a cumprir ordens da equipe”. Em razão desta forma de seleção, podemos observar que muitos dos "choferes dos bólidos" (tirei esta do fundo do baú) não são assim tão “bons na boleia” quanto outros que disputam as mais diversas categorias do automobilismo mundial.

A FIA e os organizadores da F1 exploram comercialmente (marketing) a origem patriótica de modo a angariar público para suas competições. Portanto, Felipe, não traiu a Pátria ao deixar Fernando ultrapassá-lo, traiu, isto sim, apenas seus torcedores e mostrou-se detentor de personalidade submissa. Naqueles momentos da vida em que somos chamados a demonstrar a nossa condição de homens ou meninos, todos nós passamos por um instante desses durante nossa existência, e este foi o momento do Massa, ele se mostrou um menino. Fico imaginando uma ordem do tipo: “seu companheiro de equipe está mais rápido que você. Confirme se entendeu a mensagem?” chegando aos ouvidos de um Senna, ou Piquet, ou Fittipaldi. Não tenho dúvidas de que imediatamente responderiam algo parecido com: “ sim, mensagem compreendida. Avise-o que chegar, provavelmente ele consiga, agora, vai ter que ter braço para ultrapassar”. Poderia, talvez, a equipe ameaçar com o contrato. Também posso imaginar a resposta, tendo em vista a personalidade conhecida de cada um deles:

-Fittipaldi, personalidade forte, porém, sempre um gentleman; avesso a polêmicas: “mensagem truncada; não estou entendendo, acho que o rádio tá com defeito’.

- Senna, personalidade forte, determinado a vencer: “sim, compreendi a mensagem, avise ao companheiro que estou com dificuldades de guiar o carro. Muita falta de aderência, talvez, durante a ultrapassagem a gente possa se enroscar”.

-Piquet, personalidade forte, mal educado e desbocado: “enfia o contrato ...”


3 comentários:

Unknown disse...

É isso aí Bassan faltou coragem ao Massa para responder simplesmente não escutei estou com problemas.
cac

Anônimo disse...

Paulo Cezar - Campinas/SP

"A FIA e os organizadores da F1 exploram comercialmente (marketing) a origem patriótica de modo a angariar público para suas competições. "

Sim, exatamente isso. É só uma exploração e nada mais. Por isso mesmo deveriam ser abolidos os tais hinos nacionais e as bandeiras dos pilotos que não passam de apelação e exploração.
Os pilotos não representam seus países.

Felipe escolheu seu lado. Que não venha depois se escorar nos ombros da "pátria" nos momentos difíceis.

Mesma coisa com Mano Menezes, que como uma boneca deslumbrada já foi dar pra redebobo. Entrevista exclusiva? Mano pau mandado, isso sim.

carvalho disse...

O "obediência" de Felipe Massa lhe rende a migalha de 9 milhões de euros, valor de seu contrato com os palhaços da Ferrari.