segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Projeto FX2

Tenho acompanhado atentamente a renovação da frota da aviação de caça no Brasil. O processo vem desde o governo FHC com o Projeto FX, não concluído, sendo reeditado no governo Lula com a denominação de Projeto FX2. Trata-se de uma compra direta e não de uma licitação como a imprensa insiste em afirmar. Frise-se: a imprensa e os jornalistas brasileiros não têm compromisso com qualquer forma de apuro técnico; o que vale para este setor é o “chutómetro” e o “achismo”. Se no governo anterior a prioridade era, exclusivamente, pela aquisição de aeronaves que atendessem à função de defesa externa, uma simples “compra de prateleira”, no governo atual tomou rumo mais amplo, buscando contemplar interesses estratégicos de Estado. Não mais se priorizou o melhor caça pelo menor preço, mas sim, a transferência de tecnologia necessária não só à defesa, mas, também, capaz de entregar ao País a possibilidade de reequipar suas Forças Armadas com moderno aparato bélico produzido dentro do nosso território. Do ponto de vista estratégico o Ministro Nelson Jobim foi feliz ao cunhar a frase: “dotar o Brasil da capacidade de dizer não”. Pois bem, estão aí os finalistas do FX2:

Boeing F18 SH – Super Hornet - duas turbinas, procedência: USA. Plataforma testada em combate e extremamente eficiente, bom preço, porém, os Estados Unidos não transferem tecnologia. Para vender prometem mostrar como se fabrica até a quinta essência de todos os recursos que o avião dispõe. Depois de vendido, na maior “cara dura”, se negam a entregar o prometido.

SAAB Gripen NG – Nova Geração - uma turbina, procedência: Suécia. É apenas um projeto. O avião não existe. O governo sueco promete transferir toda tecnologia empregada na futura aeronave, só que, a maior parte da tecnologia do atual Gripen é americana, inclusive a turbina, e depende de autorização do Congresso dos Estados Unidos para que seja transferida. Será, sem sombra de dúvida, o mais barato, tanto a plataforma como a hora voada. Contudo, os executivos da empresa e as autoridades suecas afirmam que o Gripen NG, diferentemente do Gripen, poderá utilizar qualquer tecnologia que se queira empregar nele, pois, ainda é um projeto. Tem lógica.

Dassault Rafale, duas turbinas, procedência: França. Testado em combate e extremamente eficiente. É o mais caro de todos. Muito mais caro! O ciclo completo de produção, em todas as suas facetas, é de domínio francês. Há o compromisso do governo daquele País com transferência irrestrita de tecnologia. Duvido que cumpram esta expressão “irrestrita”.

O Presidente da República já manifestou sua preferência pelo Rafale. Observe-se: esta posição foi explicitada antes da França puxar o tapete do Brasil na negociação do programa nuclear iraniano. O FX2 se concluirá em breve. Os franceses devem levar a melhor, todavia, o projeto Gripen NG tem seus encantos, justamente por não existir a aeronave o que proporcionaria a experiência de, juntamente com os suecos, os engenheiros brasileiros desenvolverem a aeronave desde a prancheta. Um detalhe, importante, caso Lula deixe a decisão para o sucessor sendo este ela (Dilma) ou ele (Serra), tanto faz, significa que o Rafale “subiu no telhado”. Pode dar Gripen NG, ou, o FX2 pode ter o mesmo destino do FX: arquivo.

Abaixo posto uma reportagem havida no Fantástico da Rede globo, que dá uma pequena, muito pequena, idéia do que sejam estas aeronaves. Apenas uma ressalva, apesar dos repórteres afirmarem tratar-se dos mais avançados caças existentes, na verdade não são. São plataformas de 4ª geração, ou na visão de alguns especialistas, “4,5ª” geração e hoje os Estados Unidos possuem aviões de 5ª geração, com baixíssima assinatura de radar: F22 Raptor e F35 Lightning e os russos já estão voando o protótipo do seu 5ª geração, denominado PAK FA. Posto, também, vídeos dos F22 (o mais avançado caça do mundo), F35 e PAK FA, além de filmagens do sistema gatling utilizado nos canhão e metralhadora Vulcan, esta última equipando o F22 e o F35.

Ps. Pode-se perguntar: como os franceses têm domínio total do conhecimento necessário à produção de máquinas tão sofisticadas? Frisando-se, ainda, que também possuem tecnologia própria para produção de embarcações de guerra das mais modernas, submarinos diesel/elétricos e nucleares, além, de artefatos balísticos atômicos. Isto deve-se a uma decisão de Estado tomada, nas décadas de 1950 e 1960, pelo Presidente Charles De Gaulle que, do alto de sua autoridade conquistada com a vitória aliada na 2ª Grande Guerra quando comandou as forças da França Livre, impôs ao país a estratégia de ser auto-suficiente em toda tecnologia necessária à defesa da França. Daí a razão do preço estratosférico do Rafale. Juram os franceses que o caça da Dassault é francês desde seu mais barato parafuso até os mais sofisticados “softwere” ou aviônico nele empregados. Particularmente, duvido desta afirmação. Certamente tem tecnologia e materiais de outras nações, notadamente, dos Estados Unidos.











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